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Memória RAM, Memória Interna, Token Externo e Amigos


<strong><em>Quando saímos de casa muita coisa pode acontecer um bloco de carnaval uma reunião com um vice presidente um celular que trava uma dor de dente encontrar o novo amor da sua vida É bom estar aberto a tudo </em></strong>

Ando sem memória. Na verdade, eu continuo tendo uma ótima memória! Ontem, notei que quanto mais eu anoto senhas e logins em algum bloco de notas, mais inseguro e confuso fico em lembrar. Quando não anoto, eu me lembro deles de cara e “foi” — como eu tenho o hábito de dizer. Porém, eu esqueço das coisas. Todos esquecemos. Mas podemos esquecer? Escrever nos ajuda a lembrar. Me sento na cadeira e inicio o que será um editorial sobre uma situação um tanto quanto insólita que venho passando. Com raiva começo a escrever. De repente, leio os textos que estão sendo rascunhados pelos nossos colaboradores, olho e penso: aqui não é lugar para coisa tristes e chorar as pitangas da vida!

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Recentemente, tive meu celular invadido e minhas contas pessoais hackeadas. Apesar do transtorno que causou em diversos projetos e aspectos, eu, de certo modo, me senti aliviado — fiquei sem a obrigação de postar nada. Se mostrar nas redes não é nenhuma obrigação. Na realidade, é um lazer, uma brincadeira. Eu sempre digo para amigos: “Nunca acredite no Instagram”. Contudo, notei que minha relação com a rede era mais complexa do que isso. Com o tempo, mesmo a contragosto, ela havia se tornado meu banco de memórias pessoal. Fotos de momentos únicos, experiências inesquecíveis, festas, desabafos, ideias… Muito de mim estava no meu perfil. Ai, fazendo essa análise, notei porque então eu estava aliviado: agora poderia ser outra pessoa. Mas por que outra pessoa? 


Não tenho interesse algum em deixar de ser eu. O que me angustiava? Um sentimento que eu mesmo nunca alimentei, eu acreditei: que alguém estava infeliz vendo minha felicidade e por isso tinha atacado meus perfis. E aí me vi envolto em uma névoa estranha. Não ligar para a opinião é algo que, em tese, sempre me orgulhei. Obviamente, todos nos preocupamos com a opinião alheia, mas o peso que ela tem nas nossas vidas é relativo.

Mas e agora? Vão achar que eu fiquei doido? Provavelmente sim, mas já achavam que eu era meio maluco no meu perfil. Inicio então uma risada nervosa, pois me vejo pensando sobre o papel da ideia de louco na sociedade. Não farei uma digressão longa sobre isso, outros autores passaram décadas debatendo quem é ou não louco e qual a função social da “loucura” nas relações. Louco não estou, sou “atazanando”, como digo. Faço 10 mil coisas. O estranho é que algumas faço muito bem, outras nem tanto, outras não penso muito se estão boas. E qual o segredo para fazer algo relativamente bom? Perguntar bem pouco a opinião das pessoas. Temos uma máxima em nossa família: Se você pergunta para uma pessoa: “eu sou chato”? Ela provavelmente dirá: “sim, um pouco”, ou: O mundo tá ruim, né? Ela dirá “tá complicado”. 

Quando alguém lhe perguntar: “Como você está?”, experimente responder: “Tudo incrível e maravilhoso”. Em geral, essa resposta fará a pessoa sorrir. Você e ela se encherão de ânimo e a conversa fluirá por um caminho mais leve. Mas quando se para pra pensar se está tudo “incrível e maravilhoso”, você fará uma lista de problemas e iniciará uma descida rumo ao estado comum de muitas pessoas. Chegamos então em uma contradição, acredito eu. Devo dizer que esta tudo justo e perfeito? Ou devo falar das agruras da vida? O autêntico humano é que reclama ou o que só fala coisas boas e animadoras? Perguntas estranhas. Nunca parei muito para fazê-las. Então por que agora estou a refletir se sou autêntico ou não? Por que não me vejo mais em uma rede social. Por lá, as minhas memórias mais bacanas eram compartilhadas.

Mas essas fotos não estão no seu celular? Não estão impressas em murais em sua casa? Sim, estão, e fiz isso exatamente porque comecei a me sentir estranho de ter uma vida animada e agitada e ter que falar disso. Iniciei, então, a imprimir as fotos e ter minhas memórias comigo em casa. Olhando para essas fotos eu pensei: “Poxa, alguém poderia se inspirar com essa imagem”, e aí me volto a correr e tentar ter um novo perfil. Crio, posto, adiciono amigos, volto a seguir a Madonna, a Fernanda Torres, e uns não famosos que admiro que nem sabem que eu existo (os famosos também não sabem), mas que adoro suas fotos em festas e pagodes ou em viagens. Internamente, surgem amigos que já sabem os nomes que uso nas redes. Noto que fazia falta. Fico feliz, mas tenho meu perfil novamente derrubado. É de deixar os mais calmos paranoicos, é claro. Vou então aos não amigos e o que recebo é um diagnóstico sombrio: Alguém está atacando seu telefone. Eu me pego a rir e penso “Está vendo minhas fotos pelado, só pode”. E me pego agora triste, minhas melhores fotos pelados estão no meu telefone (risos).

O dia se inicia e uma série de coisas começam. Acordo sempre animado e, revisando a agenda, descubro que meu problema mais complexo é organizar minhas diversas atividades. Noto, então, que venho melhorando minha organização e que minha ansiedade diminuiu. Lembro dos conselhos dos especialistas sobre o quanto as redes sociais podem nos tornar ansiosos e paranoicos. Inicio uma reunião e temos como a primeira pauta um elogio: “Parabéns por fazer uma rede social bacana que inspira e anima as pessoas”. Ambos os trabalhos, de alguma maneira, refletem sobre o quão potente é ser você mesmo e não se importar muito com a opinião das pessoas — Por outro lado ambos os trabalhos, também, falam de artistas que vivem de serem aceitos e amados pelas pessoas. 


Narro para o meu convidado no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, as peripécias que tenho com minhas redes atualmente — ele se enfurece, não comigo, mas com a empresa. E diz: “Você faz é muito bem de ficar sem redes sociais. Esse povo não gosta de ver ninguém bem“. Aí voltamos para o grande debate: Postamos ou não postamos? Ligamos para a opinião alheia ou não ligamos?

Isso não é algo que levo para terapia. Iniciei um novo tópico: Agora tenho que falar o que penso na terapia se não vão achar que sou louco? Ué… Minha boa memória me lembra que “louco” não sou… Ela também me lembra que, em tese, não se deve usar esse termo “louco”… Mas por que ele está nesse texto? Por que assisti ao filme incrível “Homem com H” e tenho ido ver a peça “Ao Vivo” no teatro. Ambos os trabalhos mostram a força de se viver uma vida sem se intimidar com a opinião dos outros.

Escrevendo este editorial, noto que ele não é sobre um tema de matéria aqui do Estima. É sobre mim. “Nossa que pretensão, vou apagar”, penso eu. Mas volto a pensar: pode inspirar alguém? Sim — mas também pode confundir ou acharem ruim. Então, é melhor apagar tudo e começar novamente.


Por: João Júnior

Estima Notícias! ISSN 2966-4683

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