A cidade nunca dorme, e quem vive nela sabe: o barulho faz parte do cotidiano. Moto acelerando de madrugada, obra que começa antes do sol nascer, vizinho animado no fim de semana, celular apitando o tempo todo. Aos poucos, esse ruído constante vira paisagem sonora. Só que, enquanto a gente tenta seguir a vida, o corpo percebe cada estímulo e reage, mesmo quando fingimos que não tem nada demais.
Silêncio não é frescura. É recurso físico e emocional. Quando o ambiente está sempre barulhento, o sistema nervoso fica em alerta, a respiração encurta e o corpo libera hormônios ligados ao estresse. O resultado? Irritabilidade, cansaço mental, dificuldade de relaxar e até problemas para dormir. Muitos homens aprendem a normalizar esse desgaste, como se suportar desconforto fosse prova de força. Só que aguentar tudo no peito não é sinônimo de equilíbrio. Às vezes, é só exaustão.

Existe ainda um fator pouco discutido: sensibilidade ao som. Algumas pessoas simplesmente processam estímulos com mais intensidade. Não significa fragilidade. Na verdade, pode ser sinal de percepção apurada, criatividade e foco profundo. Mas, sem um ambiente minimamente estável, essas qualidades viram ansiedade, dispersão e desgaste emocional. Em lugares muito barulhentos, até conversar com amigos vira esforço.
Cuidar do silêncio virou parte do cuidado com a mente e com o corpo. Pequenas atitudes ajudam: desligar notificações que ninguém realmente precisa, escolher lugares mais tranquilos para encontros, usar fones com cancelamento de ruído quando necessário, buscar momentos de pausa ao ar livre. Na correria, a gente esquece o quanto ouvir a própria respiração já modifica o ritmo do dia.

Também vale olhar com empatia para quem evita ambientes barulhentos. Não é antissocial nem “complicado”. Muitas vezes, é alguém que só está protegendo a própria energia. Relações que respeitam limites sonoros tendem a ser mais leves, porque partir do cuidado é sempre mais inteligente do que insistir no desgaste.
No fim, silêncio não é ausência. É presença. Presença de calma, de atenção, de descanso, de desejo de estar bem. Em uma cultura que incentiva movimento constante, aprender a buscar quietude pode ser um ato de maturidade e, por que não, de resistência. Nessas horas, descobrir que o bem-estar começa no volume certo pode ser o passo mais importante para viver com mais leveza, dentro e fora da nossa cabeça.
Por: Rhuan Rodrigues
Estima Notícias! ISSN 2966-4683















