Em cada canto do Brasil, a cultura pulsa no ritmo do povo, das festas populares, dos saberes ancestrais e da alegria que transborda das ruas. E entre tantas expressões que resistem ao tempo, há uma presença marcante de figuras masculinas que mantêm vivas práticas herdadas de gerações. Não porque seja uma exclusividade dos homens — longe disso —, mas porque muitos rituais, danças, toques de tambor e saberes manuais carregam, por tradição, a presença ativa de mestres, griôs e artesãos que desempenham esse papel há décadas.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Tradição que se aprende com o tempo (e com os mais velhos)
Pense nas ruas tomadas por cortejos de maracatu, nas rodas de capoeira ao entardecer, nos mestres que afinam as rabecas com olhos fechados, buscando a memória do som ancestral. São homens simples, em sua maioria, que encontram na arte popular um espaço de expressão plena — e de alegria. Eles dançam, cantam, criam instrumentos, conduzem celebrações religiosas e sabem, como poucos, traduzir a alma brasileira em gestos, sons e ritmos.

Saber ancestral passado de geração em geração
Em comunidades ribeirinhas, nos sertões ou nos centros urbanos, sempre há alguém que aprendeu com o avô ou com um velho mestre a arte de construir um tamborim, a entoar um ponto de jongo, a desenhar com fogo sobre o barro. Esses saberes são passados no olho no olho, no fazer com as mãos, no repetir até virar parte do corpo. E, quando viram, não se perde mais.
O Brasil do improviso, do coletivo e da emoção
Essas manifestações, longe de qualquer formalidade, são espontâneas, pulsantes, e carregam um senso de coletividade que impressiona. É como se o tempo parasse para que todos, artistas e plateia, pudessem respirar cultura. E isso não tem preço. O mais curioso é que, mesmo diante das transformações do mundo moderno, essas tradições seguem resistindo – e se reinventando.

Mais que cultura: memória, vínculo e afeto
Falar dessas manifestações é, na verdade, falar de afeto. Porque não é só cultura — é memória viva, é vínculo com a terra, é alegria que brota mesmo em tempos difíceis. E mais do que uma herança cultural, é uma escolha cotidiana de seguir fazendo, ensinando, compartilhando. Sem ensaio, sem pose, só com verdade.
Nesse contexto, o papel masculino, tradicionalmente associado a força e autoridade, ganha novos contornos: é também delicadeza, cuidado, escuta. É o homem que acolhe no canto, que embala no batuque, que se veste de cores vivas para honrar sua fé, que dança com os pés descalços e o coração leve. O Brasil pulsa nessas manifestações — e enquanto houver alguém disposto a tocar, cantar ou simplesmente estar presente, elas vão continuar fazendo história.
Largo da Gente Sergipana
Em Sergipe, essa vibração tem endereço certo: o Largo da Gente Sergipana, em Aracaju, onde as manifestações culturais ganham corpo, voz e identidade. Ali, bem às margens do Rio Sergipe, a tradição se mistura com a contemporaneidade de forma viva, orgânica e, acima de tudo, humana.
Quem passa pelo Largo da Gente Sergipana logo se depara com esculturas imensas que parecem emergir do rio como guardiãs da história sergipana. Elas representam personalidades e personagens do folclore local — muitos deles homens simples, porém gigantes em cultura. É impossível não se emocionar com a grandiosidade daquelas figuras que simbolizam reis de festas de santo, mestres de capoeira, tocadores de zabumba e rezadores de novena.

Mais do que tradição, essas expressões são uma forma de celebrar a vida com autenticidade. E em tempos de pressa, é revigorante perceber que há espaços como o Largo da Gente Sergipana que nos lembram que o tempo da cultura é outro: é o tempo da memória, da partilha e do afeto.
Por: Bruno Gama
Estima Notícias! ISSN 2966-4683