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Emílio Santiago: a voz eterna da elegância na música brasileira

Emílio Santiago não era apenas um cantor — era um intérprete de alma inteira, que fazia da voz um gesto de elegância. Nascido no Rio de Janeiro, em Santa Teresa, em 1946, Emílio iniciou sua trajetória acadêmica no curso de Direito, na antiga Faculdade Nacional. Seu sonho era se tornar diplomata, motivado pelo desejo de representar o Brasil com a dignidade que os negros mereciam ter na política internacional.

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Porém, o destino lhe reservava um outro caminho. Foi no palco que ele encontrou sua verdadeira vocação. Seu talento despontou quando amigos o inscreveram, sem avisar, em um festival universitário. A partir dali, a música se tornou um chamado impossível de ignorar.

Aveludado, técnico e emocionante

A título de curiosidade, o timbre de Emílio foi, literalmente, estudado. Em um congresso médico, especialistas classificaram suas pregas vocais como “as mais perfeitas do Brasil” — o que ajuda a explicar a suavidade, afinação e resistência que ele mantinha ao longo das décadas. Sua técnica, porém, nunca se sobrepunha à emoção. Cada canção parecia uma conversa, dita ao pé do ouvido.

Seus grandes sucessos — como “Saigon”, “Verdade Chinesa”, “Logo Agora” e “Tudo Que Se Quer” — se tornaram símbolos do romantismo sofisticado da MPB dos anos 1980 e 1990.


Aquarela e a consagração

Emílio atingiu o auge da popularidade com a série Aquarela Brasileira, lançada a partir de 1994. Os álbuns apresentavam versões refinadas de clássicos do cancioneiro nacional, costurados por arranjos orquestrais e sua interpretação sóbria e emotiva. Foram mais de um milhão de cópias vendidas, levando sua voz a novos públicos, sem jamais apelar para o modismo.

Duetos com Alcione

Entre suas parcerias mais lembradas está Alcione, com quem dividiu o palco em momentos especiais. O dueto em “Trocando em Miúdos”, no DVD Faz uma Loucura por Mim – Ao Vivo (2004), é uma aula de entrega e sinergia artística. Juntos, ainda cantaram “Flor de Lis”, de Djavan, reafirmando o gosto apurado e o respeito mútuo entre dois gigantes da música brasileira.

Emílio Santiago e Alcione em 2004 Foto Cristina Granato

Discrição e legado

Discreto na vida pessoal, Emílio evitava expor seus romances e mantinha uma rotina regrada, com hábitos simples: não fumava, dormia cedo antes dos shows e cultivava uma paixão por gastronomia. Ele nos deixou em 2013, aos 66 anos, mas seu legado de classe, sensibilidade e musicalidade permanece intocado. Emílio Santiago ensinou, sem alarde, que cantar bem é também saber ouvir o silêncio entre as notas. E é ali, nesse espaço de elegância sutil, que sua arte continua a viver.

Por: Bruno Gama

Estima Notícias! ISSN 2966-4683

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