Nunca foi tão fácil alcançar os holofotes — e um tanto quanto difícil permanecer neles se você não tem muito a apresentar. As redes sociais transformaram o modo como a fama é construída, cultivada e, muitas vezes, desconstruída. Em questão de minutos, alguém pode passar do anonimato à notoriedade mundial por causa de um vídeo viral, uma opinião polêmica ou uma aparição inesperada em um evento.
A velocidade com que um assunto tinge relevância pode ser incrivelmente rápida, contudo, da mesma forma, uma pessoa ou assunto pode deixar de ser “notório” de modo igualmente rápido. “Em geral isso acontece quando o fato, ou pessoa, embora inusitado, não gere um impacto que modifique de algum modo a vida das pessoas que assistem“, analisa o cientista social João Junior.
A Fama
A fama sempre foi filtrada por agentes que detém os meios de comunicação. Se antigamente a TV, rádio, cinema e imprensa tradicional faziam esse papel, hoje, com as plataformas como TikTok, Instagram, X, e YouTube, qualquer pessoa com um celular pode se tornar uma figura conhecida, desde que o que ela esteja falando interesse a alguém. Influenciadores digitais, artistas independentes e personalidades virais surgem diariamente, conquistando milhões de visualizações em um intervalo de tempo bem curto. Isso não quer dizer que muitas vezes essa fama não seja resultado de muito trabalho e esforço. “O que faz uma pessoa ser considerada com interessante para alguns e desinteressante para outros? Aquilo que ela está apresentando“, conclui Junior.
A lógica das redes favorece quem gera engajamento imediato, mesmo que isso signifique produzir conteúdo polêmico ou controverso. A fama, nesse novo contexto, é volátil. Um criador pode ganhar notoriedade com um único post e desaparecer na mesma velocidade se não souber como manter sua relevância. Nessa lógica de “SEO”, cada um de nós precisa decidir o que e como queremos nos expor nas redes sociais. Assim, mantemos nossa estabilidade emocional e o controle, na medida do possível, das mensagens que queremos que cheguem as outras pessoas.
Para ampliar o debate
Está em cartaz no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, a peça “Ao Vivo – Dentro da cabeça de Alguém“. O espetáculo tem causado um frisson na cidade pelo seu texto profundo e incrivelmente atual. Com texto e direção geral de Marcio Abreu, o Espetáculo da Cia Brasileira de Teatro debate em vários momentos sobre a fama. Em um dos momentos mais marcantes do espetáculo, a personagem de Renata Sorra diz: “Todo mundo quer ser famoso hoje em dia… Isso é uma loucura” e peça então avança sobre os aspectos positivos e os desafios de ser alguém famoso. Vale a pena conferir — você pode comprar os ingressos clicando aqui.
O peso da Autenticidade e o Papel do Público
A fama não é só aparência. O público sempre busca autenticidade, posicionamento e coerência. Aqueles que constroem uma narrativa honesta, assumem erros e dialogam de forma transparente com a audiência tendem a consolidar uma base fiel de seguidores. Casos como o da cantora Gloria Groove, Anitta, Madonna, RuPaul, Oprha Winfrey ou mesmo nós aqui do Estima, nos equilibramos entre fazer e apresentar arte, entretenimento, informação e dicas para o nosso público.
Saúde Mental
A exposição intensa também leva a um debate importante: qual é o limite entre o público e o privado? Quando tudo se transforma em conteúdo, manter um espaço pessoal se torna um desafio. A fama, hoje, exige mais do que talento. É preciso de planejamento, organização, inteligência emocional e uma compreensão profunda do comportamento digital.
Na era das redes sociais, a fama se tornou um recurso líquido: ela escapa, se molda e se desfaz com a mesma rapidez com que aparece. O novo paradigma exige mais responsabilidade, tanto de quem busca os holofotes quanto de quem assiste. Celebridade e anonimato, agora, estão a um clique de distância.
Por: Rhuan Rodrigues e João Junior
Estima Notícias! ISSN 2966-4683
