O fenômeno social da ‘brotheragem’ nas redes sociais

A ideia de brotheragem ganhou um novo palco no Instagram, onde fotos, vídeos e interações entre homens passaram a criar uma estética própria. Mais do que um termo de humor ou um código interno da internet, o conceito virou uma forma curiosa de observar como a masculinidade se transforma quando a intimidade entre amigos aparece sem filtro, julgamento ou explicação. A rede social amplificou esse fenômeno e ajudou a popularizá-lo como linguagem visual.

Nos últimos anos, multiplicaram-se perfis e publicações que mostram situações de proximidade masculina. São abraços apertados, brincadeiras físicas, cumplicidade explícita e poses que antes seriam consideradas desconfortáveis para muitos. No Instagram, essa espontaneidade virou assunto, ganhou camadas e começou a ser analisada por quem observa o comportamento masculino contemporâneo.

A exposição pública dessas interações ajudou a quebrar a antiga linha que separava amizade e afeto entre homens, sejam eles héteros ou homossexuais. O que antes era guardado dentro de grupos privados ganhou holofote. A brotheragem digital, ainda que muitas vezes tratada com humor, abriu espaço para discutir carinho, toque, vulnerabilidade, atração, flerte e liberdade dentro da convivência masculina.

Foto StockSnap

Para muita gente, essa estética funciona como uma resposta silenciosa à rigidez da masculinidade tradicional. O Instagram se tornou um lugar onde homens podem brincar com as próprias imagens, testar limites e demonstrar intimidade sem precisar justificar nada. A plataforma permite que cada foto tenha leituras diferentes, e é justamente isso que atrai tanta gente ao assunto.

Outro ponto é que a brotheragem se mistura com o universo fitness, das viagens entre amigos, dos registros de academia e das sessões de fotos improvisadas. O corpo vira elemento de comunicação, não só de desejo, mas de pertencimento. Homens postam juntos, tocam um no outro, fazem poses que sugerem parceria e confiança. Pouco importa se a intenção inicial era apenas zoar, ostentar físico ou registrar um momento leve. A imagem resultante é o que viraliza.

A crítica também aparece. Alguns enxergam a brotheragem como uma estética vazia, criada para engajar e gerar comentários. Há quem veja exagero, artificialidade e até oportunismo. Mas mesmo essas leituras ajudam a reforçar o quanto o tema mexe com percepções antigas sobre como homens podem se relacionar entre si diante do olhar público.

Foto FreePik

O fato é que a brotheragem no Instagram não é só meme, não é só piada e não é só provocação. É um sintoma cultural de um tempo em que homens descobriram que podem se mostrar de formas antes consideradas arriscadas. A câmera do celular virou aliada na construção dessa nova intimidade, e cada publicação amplia o debate sobre afeto, presença e liberdade masculina.

No fim, o fenômeno diz muito menos sobre etiquetas e muito mais sobre evolução social. A brotheragem continua sendo divertida, ambígua e cheia de camadas, mas também revela uma geração que já não teme aparecer lado a lado, perto demais ou íntima demais. E o Instagram segue como o palco mais visível dessa transformação.

Por: Rhuan Rodrigues

Estima Notícias! ISSN 2966-4683

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Rhuan Bastos
Jornalista freelancer - Estima Notícias!