Camisas “oversized”, três ou quatro números a cima do “normal”; Calças com bolsos que chegam nos joelhos. Bolsas dianteiras que se fixam no peitoral; Roupas que lembram uniformes; Verde musgo militarizado ganhando novas padronagens, tons e texturas; Meias que deixa de serem um detalhe escondido para se tornarem protagonistas no visual, “overfunny”. Dentro da moda casual masculina, o inverno 2025 parece anunciar uma prévia da primavera com maior liberdade de criação e composição em uma moda urbana que parece estar querendo estar mais off-line e mais conectada com os sujeitos no mundo real.
O uso de peças oversized, ou seja, com caimento propositalmente largo, não é exatamente novo. Essa proposta já aparecia nos anos 1990 e início dos 2000, principalmente em subculturas como o hip hop e o skate. Hoje, o retorno dessa estética é marcado por um toque de ironia e por uma mistura de influências que vão do streetwear ao pop asiático. Mais do que conforto, essas roupas comunicam uma escolha estética carregada de personalidade. Vem se destacando também peças com frases de efeito que buscam aliviar as tensões do dia a dia como “Calma Porra”, “querirembora”, “Eu reclamo mas resolvo” bem como frases de duplo sentido como “Com local” ou “I like hard” ou “Meter fundo” (“sex-information”) da SevenMenBR.

Os tênis exageradamente grandes, conhecidos como “chunky sneakers” ou “dad shoes”, também fazem parte dessa linguagem. Inspirados em modelos antigos de corrida ou em calçados considerados “feios”, eles ganharam novas versões com cores ousadas, solados altos e proporções exageradas. Marcas de luxo como Balenciaga, Nike e Adidas abraçaram esse estilo, levando o visual das ruas diretamente para o universo das grandes grifes.
As meias, antes escondidas discretamente sob as calças ou tênis, agora são expostas com orgulho. Modelos altos, coloridos ou com estampas divertidas aparecem combinados com bermudas, shorts e calças dobradas. Em alguns casos, funcionam como o ponto de cor do look. Em outros, reforçam a intenção de brincar com a proporção e destacar o corpo de forma diferente do que manda o padrão tradicional.
Esse visual maximalista está muito além da busca por conforto ou estilo. Ele expressa uma recusa ao ideal de perfeição rígida e minimalista que dominou a moda durante muito tempo. Vestir algo grande, exagerado ou estranho aos olhos dos outros pode ser uma forma de protesto silencioso. É uma maneira de afirmar que o corpo não precisa seguir moldes estreitos e que o estilo pessoal pode (e deve) ter liberdade.

O Brasil passa por um momento muito interessante de autoafirmação de suas qualidades. As pessoas parecem mais confiantes para experimentar novas formas de expressão sem serem entendidas como desleixadas ou terem suas habilidades profissionais questionadas. O crescimento de homens usando esmalte e a explosão de produtos voltados para o cuidado masculino mostram uma ampliação da compreensão das necessidades atuais do homem no século XXI. Nas farmácias os lubrificantes íntimos e os preservativos já não ficam mais escondidos, agora estão na mesma prateleira que os cremes de barbear, shampoos e os seruns para barba.
No fundo, o sucesso dessa estética reflete o desejo de quebrar normas e experimentar. Usar meias visíveis, tênis enormes e peças largas pode parecer simples, mas carrega uma atitude: a de quem não tem medo de ser visto, de ocupar espaço e de transformar o próprio corpo em forma de expressão.
Por: Rhuan Rodrigues e Equipe Estima!
Estima Notícias! ISSN 2966-4683