Gramppo, JJunior, João Junior, Jbatista, CEO, dois doutorados e um encontro com o Papa. Pedro Petrocelli fala mais do que duas frases… Rsrsrs

Outro dia, eu João Junior, estava sentado no bar, pensando nas trezentas coisas que ainda tinha que fazer antes de fazer um lanche, quando começaram a tocar as músicas do Lado B Projeto. Um cliente que estava lá, rindo e se divertindo como eu costumava fazer até pouco tempo atrás, me olha e diz, cantarolando uma das estrofes: “Cara, o cara que escreveu essa música é um gênio”. Eu demorei para ter uma reação, porque nunca havia ouvido uma pessoa que não fosse minha amiga elogiar as músicas e, pelo que notei, ele não fazia ideia de que eu as havia escrito. Aliás, tem momentos em que eu me pergunto: “Nossa, eu escrevi isso?”. Não por vergonha, porque de fato eu pouco sou dado a me preocupar com a crítica alheia, especialmente se vem de alguém que em nada soma na minha vida. Mas porque eu continuo me encantando e achando graça. Criei essas músicas com amigos e parceiros porque sempre achei que faltava mais funks de putaria com homens falando sobre homens. Ponto. Mas, seguindo um padrão, na hora de registrar e lançar, simplesmente criei um emaranhado de nomes artísticos que, agora, passado certo tempo, vejo que não faz sentido algum.

Essa semana, uma amiga pela qual desenvolvi profundo respeito, Aline, me chamou para o aniversário dela. Da minha turma do ensino médio, ela é a única com quem mantive contato e a única que notei que entendeu um pouco minha trajetória de vida. Em uma das nossas conversas, ela me contou como fala de mim para as pessoas, e eu achei o máximo, puxando na memória é algo mais ou menos assim: “Eu não sei muito bem o que ele faz, só sei que tem a ver com moda, com homens, e volta e meia ele lança umas fotos com uns homens bonitos de bunda de fora. Ele criou um pseudônimo, ‘Gramppo’, e lançou um álbum no Spotify… outro dia ele apareceu apertando a mão do Papa”… E aí ela continuou e, em um gesto que para mim é raro, pediu desculpas pelas maluquices que fazíamos uns com os outros na escola. Tenho a sensação de que o Brasil está nesse momento, pensando: “quanto tempo a gente perdeu com bobagens estúpidas”. Eu estou.

João Junior e Jose Arturo

Quando abrimos a primeira unidade do Seven Cruising Bar, não fazíamos ideia do que nos esperava. Eu tinha um feeling de que era o momento, e Arturo, a pessoa que mais me incentivou na vida até um certo momento, fechou os olhos comigo e nos jogamos. Nos jogar aqui não tem um caráter de se perder no caos e na luxúria, o que seria ótimo, mas foi realmente ver o bar como uma empresa como qualquer outra e que deveria ser administrada com excelência. Assim fomos nos construindo como essa dupla pouco provável, muito questionada e testada, mas que razoavelmente nos faz ter orgulho de ser quem somos.

Com o crescimento do Seven, sua expansão etc., fui tendo possibilidades de finalmente realizar outros grandes sonhos: gravar um EP de axé, termos nossa marca de jockstraps, uma loja virtual, nossa própria produtora, eu fazer um doutorado (dois na verdade), ter nossa própria revista, um portal de notícias, um guia turístico e, agora, começar a oferecer cursos de capacitação.

JBSJ

Algumas pessoas, volta e meia, perguntam: “João, quando você dorme?”. Eu sempre respondo igual: eu durmo muito bem. Descanso bem e trabalho muito em tudo o que eu gosto. Então, para mim, não é um sofrimento trabalhar. Para bem da verdade, a única vez que tive uma certa perturbação mental, esgotamento e até uma certa dissociação da realidade foi quando eu me convenci de que estava errado em fazer tanto e querer tanto. Fui procurar ajuda para desacelerar, e foram os piores meses da minha vida. Custou-me muita força mental finalmente entender o que a Madonna sempre diz: “Não deixe que as pessoas joguem em você as inseguranças ou fantasmas que elas têm”. Agora, estamos preparando o grupo Landro Carioca para uma rodada de investimentos, algo que sempre sonhei, e, nesse processo que inexoravelmente nos leva à reflexão, vi-me tendo que entrar em diferentes contas de e-mail e notei que, para cada projeto, eu me habituei a ter um nome. Mas que isso não era algo bom, mas sim a normalização de um medo estúpido de que as pessoas não iriam me ler por eu ser negro, não iriam ouvir minhas músicas por eu ser negro, não iriam no meu bar por eu ser negro. Ah, ok, você pode dizer: “Ah, para, João. Se tem uma coisa que você não é, é inseguro ou envergonhado”. De fato, não sou. Nunca fui. Mas eu fui convencido de que deveria rir menos, deveria pular menos, deveria ser mais sério para ter mais credibilidade, deveria, veja só, aparecer menos. O que noto é que, na verdade, isso de algum modo só atrapalhou algo que poderia e seria ainda mais incrível… Continua