Por Danie Vaz
Conto Erótico
Rio de Janeiro, 1952. Carlos estava atrasado para encontrar Clarisse, sua namorada, na butique da rua do Ouvidor. Andava apressado tentando desvencilhar-se dos transeuntes. As ruas estavam cheias, pois o Fluminense tinha acabado de ganhar do Corinthians na final da Copa Rio. Era torcedor pra todos os lados e Carlos só pensava no tanto que Clarisse falaria no seu ouvido. Carlos odiava discussões e Clarisse parecia gostar, usava de brigas bobas para apimentar a relação. “Com licença.”, “Por favor, me dê passagem.”, “Me desculpe, preciso passar.”, a cada passo parecia que Carlos participava de uma corrida de obstáculos. Sua pressa era tanta que acabou esbarrando num tricolor que gritava pela rua “Nennseee”. Foi um belo esbarrão e os dois caíram um por cima do outro. O corpo de Carlos estava por cima do tricolor e seus olhos por uns segundos entraram numa hipnose onde os olhos verdes de Diego eram a bússola. “Me perdoe!”, dizia Carlos levantando e ajeitando seu terno. “Não se preocupe, meu amigo. Hoje é dia de festa. Aceita?”, disse Diego oferecendo uma garrafa de cerveja. Carlos faz que não e segue, mas para e olha pra trás. Algo além do esbarrão aconteceu ali. Obviamente, com o atraso, Clarissa não parou de falar um minuto. Mas ele não escutou uma palavra, só pensava naqueles olhos verdes. Toda semana, de duas a três vezes Carlos andava pela Ouvidor, na esperança de encontrar Diego. Numa terça-feira ensolarada, na hora do almoço, Carlos sentou num botequim e pediu um petisco, um suco e um jornal ao vendedor que passava pela rua. Um mês e 3 dias após aquele encontro, enfim acontece o reencontro.
Diego entra no mesmo botequim e pede uma cerva gelada. Do balcão olha para Carlos e se aproxima. “Não nos conhecemos, meu camarada?”. Carlos nervoso diz: “Sim, sim, nos esbarramos uma vez”.
“Ah, sim! Foi você que me atropelou como um carro desgovernado”, diz Diego. E continua “Mas não se preocupe, não guardo raiva. Naquele dia nada me aborreceu, afinal o fluminense foi campeão. Posso me sentar?”. Carlos vê Diego sentar-se e não consegue disfarçar o olhar devorador sobre ele. Diego, percebe, mas faz piada da situação: “Meu amigo, se você fosse mulher eu diria que está prestes a me pedir em casamento”, ri do próprio chiste. Carlos então responde: “Que…que…isso…é… que brincadeira boba. Ora…eu…”. Diego completa: “Casamento eu não garanto, mas não dispenso uma lua de mel”. Carlos fica sem palavras com a ousadia. Diego continua falando aos sussurros: “Você acha que não reconheço um olhar de desejo?”. Carlos responde: “Por quem me tomas? Eu tenho namorada, sou macho”. Diego retruca “Somos, meu amigo. Mas nada impede de firmarmos melhor essa amizade que se inicia. Podemos ser bons amigos um para o outro, o que acha?”. Carlos curioso pergunta “Como?”. Diego então dá o Xeque-mate: “Venha comigo até um quarto que alugo aqui perto. Vamos conversar melhor, tomar uma cerveja e quem sabe jogar um jogo a dois, o que achas?”. Carlos amedrontado, mas muito interessado aceita a proposta. Os dois chegam ao tal local e Carlos indaga: “Não vão maldar?”. Diego responde: “Que mal há em dois machões como nós estarem juntos tomando uma boa cerveja e jogando um biribinha? E ademais não há ninguém por essas bandas. Estamos praticamente sozinhos aqui, já que neste andar só tem este quarto. Fique tranquilo, meu amigo”.
Carlos entra no quarto e repara nos detalhes. Cama desarrumada, luz avermelhada, um cheiro de perfume de cabaré, uma cadeira com roupas penduradas… com certeza não era a primeira pessoa a estar ali. Seria frequentada por mulheres? Homens? Os dois? Muitos? Uma orgia? Na verdade essas perguntas pouco importavam, Carlos esperou por muito tempo para reencontrar os olhos verdes de Diego e o que ele mais queria era poder tocar Diego como nunca tocou nem mesmo sua namorada Clarisse.
Diego acende um cigarro, oferece, Carlos não aceita, Diego então tira as roupas da cadeira, pede para Carlos tirar as calças e sentar-se na cadeira. Carlos obedece como sempre fez em toda sua vida, sempre muito solicito. Diego apaga o cigarro, ajoelha, coloca a piroca de Carlos para fora, olha nos olhos dele e diz “Eu só vou parar quando você me encher de leite”. Diego chupa Carlos vorazmente. Carlos nunca passou por nada parecido. Pouco tempo após Diego engolir toda a goza de Carlos, Diego volta a chupá-lo. Carlos percebeu que Diego fazia isso com paixão. Com a mesma euforia de um torcedor fanático de futebol. Após a terceira gozada na boca de Diego, Carlos avisa que precisa ir. Diego o abraça é diz “Foi um imenso prazer recebê-lo, meu amigo. Você está convidado para retornar. Que tal jogarmos novamente terça que vem?”. E terça ficou sendo o dia oficial do “jogo” entre Diego e Carlos. Toda terça Carlos acorda, toma seu café, se arruma, visita sua namorada Clarisse, sempre levando um presente para evitar discussões (mas mesmo assim discutem), se despede e vai até o quarto de Diego, se despe e alimenta seu amigo com todo leite que pode oferecê-lo.